sexta-feira, 24 de março de 2017

Menos soberba, menos pose, menos egoísmo. Mais harmonia, mais solidariedade, mais gratidão.



Talvez a insegurança e o medo desapareçam naturalmente com a convivência amistosa, solidariedade e amizade entre as pessoas que compartilham um mesmo espaço neste mundo de Deus. Com toda a certeza do muno, a única forma de se obter convivência harmônica é o fortalecimento das relações de vizinhança construída com respeito e amizade.
Alcançar amor altruísta e incondicional sei que é querer muito num mundo onde os apelos do ego, da posse e da materialidade da existência levam as pessoas a cobrarem demais ao invés de doar de si.
Todos os dias, ao despertar, ao abrir os olhos, o primeiro sentimento que me vem é: obrigada, meu Deus! Ainda estou por aqui... que maravilha. Mais um dia e oportunidade de aprender mais. Quem sabe hoje consigo subir mais um degrauzinho na minha busca de aprimoramento espiritual. Então percebo os primeiros raios do sol, o canto da sabiá à minha varanda, ainda o canto das cigarras e uma diversidade incrível de pássaros que despertam cedinho como eu. Dormi num colchão confortável, aquecida e relaxada depois de um banho morninho. Alimentei-me de maneira saudável: tenho aqui frutinhas doces e deliciosas colhidas no pomar em frente à casa, alguns vegetais que consegui cultivar apesar da pouca chuva... somos muito abençoados e privilegiados. Viver em meio à natureza é um privilégio imenso.
Gratidão!!!Gratidão a Deus pela existência que me foi proporcionada nesta vida repleta de presentes em todos os níveis e de toda natureza.
E agradeço além: pelas diferenças - o maior agente enriquecedor da sociedade. É através delas que as necessidades se complementam e as carências são supridas. O que rejeitamos no outro normalmente é o espelho de nossas consciências.
Não conheço a maioria dos novos moradores de minha vizinhança. Estamos aqui há 25 anos. Infelizmente, a postura de um pequeno grupo impôs distanciamento entre os vizinhos e isolamento. Descobri há algum tempo que as pessoas deixaram de conviver e compartilhar com os que moram perto por medo, constrangimento e até vergonha. Vivemos num pequeno grupo social extremamente heterogêneo em sua condição de materialidade e o nível de exigência imposta gerou esse isolamento cruel e doentio. Alguns tem renda familiar mensal superior a cem salários mínimos, outros cinquenta enquanto outros não chegam a contemplar mensalmente mais que 5 salários mínimos. Descobri também que há um número imenso de pessoas em estado depressivo, tristes e trancadas em seus quadrados, receosas de oferecer um sorriso sequer durante a caminhada pelas ruas e pela praça do loteamento. Qualquer aproximação poderia gerar um cumprimento ou um pedido de carona. As pessoas poderiam chegar perto demais. Talvez as fragilidades sejam maiores que as fortalezas.
Mais que isso, descobri que isso não é característica exclusiva da minha comunidade mas de diversos grupos organizados de maneira a também isolar seus membros, oprimir, reprimir, coagir e cobrar. Cobrar comportamentos à revelia da vontade de cada um e, especialmente, despesas acima da capacidade de pagamento de boa parte das pessoas. Descobri que alguns chegam a fazer empréstimos e passam por privações para pagar taxas impostas pelo grupo de elite e fazer jus a despesas definidas pelo grupo de alta renda.  Soube também de um dito que se tornou popular entre os abastados: “quem não puder pagar, que se mude!”.

Grupos políticos impigem medo ou argumentam medo para manter hegemonia e poder.
Comunidades buscam as semelhanças para fortalecer-se.

Não parece loucura isso? - Além do aspecto da legalidade, justiça e hombridade faz-se urgente e necessário contestar a condição de humanidade dessa postura.  A que ponto chegam os egos enormes e o hábito de enxergar apenas os próprios umbigos? Quem não puder pagar, que se mude? Está chegando o tempo em que muitos terão que mudar: de planeta.

Josevita Tapety Pontes

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